“Bufalo Manco” é o título do novo livro de Pedro Camargo e tema deste Podcast do canal “30min de Neuromarketing” no Spotify.
Pedro estuda Neurociência aplicada à negócios há 14 anos, Palestrante em Neurobusiness, Professor de Neurociência do Consumidor e autor de vários livros como “Eu Compro, Sim!: mas a Culpa é dos Hormônios...” e “Neurobusiness: A mente do mercado”
Tópicos abordados neste Podcast:
Pedro diz que a ideia do conceito do búfalo manco surgiu na jornada de compreender as influências biológicas no comportamento de consumo. Investigou como o corpo funciona e descobriu que existe uma economia interna, orgânica e que ela vem antes da economia externa, macro e micro e que as influencia. O corpo de qualquer animal age de maneira econômica: ganha energia de alimento ou economiza energia.
Pesquisando descobriu a forma do forrajamento que é a maneira como os animais se alimentam. Quando um leão sai para caçar com baixo nível de energia, ele tem que tomar a decisão entre correr atras de um filhote de javali onde vai gastar muita energia e ganhar pouca, ou opta por um búfalo que tem bastante gordura, mas é forte e pode machucá-lo ou até mata-lo. O ideal é que ele corra atrás deum búfalo manco!
É exatamente isso que o consumidor quer. Assim como o leão e todos os animais, nossas escolhas e decisões, na vida, giram em torno não gasto de energia e ganho dela, isto é, a relação entre ganho x gasto x tempo, esta é a tríade que permeia todos os nossos comportamentos de escolha, procura e tomada de decisão sobre produtos, serviços e ideias.
Os negócios que crescem são búfalos mancos. O ifood é um búfalo manco - só gastamos energia colocando o dedo no celular. Magazine Luiza e Americanas com suas rápidas entregas também são bons exemplos porque tempo também é um fator de gasto de energia.
Comprar, tomar uma decisão, escolher um produto gasta energia. Escolher entre duas marcas gasta muito mais energia cerebral do que já conhecer alguma e optar por ela. Os negócios devem se preocupar em agir de modo a não gastar energia dos consumidores.
Pedro chama de búfalos os produtos que nos fazem gastar energia e buscamos por eles. Cita o exemplo de uma Ferrari que é um produto caro e tem fila de espera para adquirir, mas as pessoas querem apesar de precisarem somente de um meio de transporte. Diz que existem os “produtos de sobrevivência” e os “produtos de reprodução”, que são as bases, de mecanismos de liberação inatos de todo animal, inclusive o ser humano. Um prato feito para o almoço é um exemplo de “produto de sobrevivência” enquanto um jantar caro acompanhado de um vinho de 14 mil reais é um “produto de reprodução”, para se exibir. Roupas básicas são para sobrevivência, mas a roupa de marca para parecer mais bonito, mais alto e mais magro é para reprodução.
No meio dos búfalos existem as hienas. Pedro cita um exemplo pessoal do encontro de hienas durante a busca por um búfalo Manco. Ele chamou um transporte pelo aplicativo 99 e foi notificado que o carro já havia chegado. Observou que o motorista estava do outro lado da avenida e que ele teria que atravessá-la ao invés do carro estacionar a sua frente para apenas entrar. Novamente, ao pagar o motorista não tinha troco e, ao estacionar o carro em um posto para trocar o dinheiro, pediu para Pedro descer e trocar o dinheiro...
Baseado neste exemplo Pedro enfatiza que búfalo manco não é somente o produto, mas toda jornada do consumidor. Aplicativos são grandes búfalos mancos, mas deixam de ser se no processo houver hienas.
Pedro relata que, ao preparar suas aulas, também se preocupa com a economia de energia de seus alunos. Por isso usa metáforas e analogias, que são excelentes búfalos mancos porque as pessoas entendem muito rapidamente.
O livro trata dos mecanismos de liberação inatos que são sobrevivência e reprodução bem como os padrões fixos de ação que existem para economizar energia na hora da ação. São padrões inscritos em nossos cérebros, que nos permitem tomar decisões rápidas e sem custo para o organismo. É um padrão evolutivamente fixo. São eles:
Pedro diz que todos são padrões cerebrais que ativam os mecanismos de liberações inatos que são sobrevivência e reprodução. Cita alguns padrões e exemplifica iniciando por Categorização.
No livro, que é um resumo dos 14 anos de conhecimento e estudo, Pedro ensina também o que são Key Stimulos. São provocações do ambiente externo que disparam atos ou comportamentos instintivos. São “chaves” que abrem, estimulam e libera um Padrão Fixo de Ação, ou seja, neurônios ou redes neurais sintonizadas com esses estímulos gera a liberação do comportamento correspondente. Sinais que evocam padrões instintivos de comportamento.
Diz que hoje, com ferramentas de Neuromarketing (como a FasTest) onde é possível realizar experimentos inclusive com storyboards, o Marketing deixa de ser chute e passa a ser “accountable”. Antes da produção de um filme é possível saber se ele trará sucesso e evita a produção e veiculação de algo que não vai dar certo. Uma pesquisa convencional, na maioria das vezes erra o que não acontece com pesquisas de Neuromarketing que acessam o padrão biológico. Desta forma economiza-se em recursos com respondentes, visto que a quantidade de pessoas necessária é infinitamente menor, além da redução do orçamento de veiculação de uma campanha sem sucesso.
Quando olhamos para o cérebro dos consumidores, conseguimos identificar os padrões pois somos da mesma espécie. Pedro comenta que gosta de trabalhar com motivação que é um nível abaixo do comportamento, o qual não é previsível. A motivação vem da biologia, dos mecanismos de liberação inatos e padrões fixos de ação, que não muda! O cérebro não muda há 200 mil anos, desta forma temos que descobrir os padrões.
O Marketing tem muita informação de comportamento, mas comportamento muda de um dia para o outro, por isso as vezes acertam e muitas vezes, não. No entanto a Biologia traz padrões, os padrões inatos, que são imutáveis. Pedro cita que as empresas de moda trabalham com bando, por isso tendem a acertar mais visto que, independentemente de gostar ou não, as pessoas compram certas roupas para pertencer ao grupo específico.